
23 graus e 27 minutos, 365 dias
Nada mais comum que o passar dos dias, o passar astronômico, do movimento previsível dos astros e suas consequências, como o dia e a noite, as estações e as fases da lua. Algo, que de tão comum, não guardamos memória, salvo por eventos climáticos excepcionais ou fortes lembranças afetivas.
O que torna nossos dias comuns? Nossa vida comum ? Quantos dias comuns tem uma vida? Porque achamos banal, ou nem notamos, a forma das nuvens no céu ou o vento de um final de tarde de abril? Quantas excepcionalidades se conjugaram para criar estas banalidades ? Com quantas ocorrências o extraordinário se torna banal ?
Se almejamos a simplicidade como solução para as questões mais complexas do conhecimento, porque não nos interessam os dias rotineiros que passam por nós?
Este projeto foi desenvolvido ao longo de um ano, e consiste na captura de imagens durante as 24 horas de um dia, uma fotografia a cada 15 minutos.
A cada 15 dias aproximadamente era feito o registro de um dia inteiro, somando 96 fotos. Isto, durante 12 meses, gerou 24 dias fotografados. Dias estes distribuídos durante um ano. Assim, na imagem, temos 24 linhas que equivalem aos dias fotografados e 96 colunas que são os registros a cada 15 minutos.
A Terra tem uma inclinação, em relação ao seu eixo, de 23 graus e 27 minutos. Esta inclinação dá origem às estações e à duração do dia e da noite. Quanto mais perto dos polos maior a diferença entre o dia e a noite, que chega ao seu ponto máximo durante os solstícios.
Este trabalho foi realizado da janela de minha casa, na cidade de Porto Alegre: 30 graus de latitude no hemisfério sul








